terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Intervalo (porque é preciso parar )




Intervalo... merecido e só meu. Para reflectir, para ler o que me apetecer, para passear (mesmo que permaneça no meu sítio), para divagar, para ouvir os CD que ninguém ouve, para ficar acordada a olhar a noite, para ver a vida!

sábado, 20 de dezembro de 2008

Cansaço...

O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Música à deriva...

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

jus ao título


Não são só as páginas que rumam à deriva! O tempo, esse estranho dono, continua a fazer-me partidas! E tantas e tão profundas que, cada vez mais, o sentir-se à deriva é um estado permanente. Até quando?



O MENINO GRANDE

Também eu, também eu,

joguei às escondidas, fiz baloiços,

tive bolas, berlindes, papagaios,

automóveis de corda, cavalinhos…


Depois cresci,

tornei-me do tamanho que hoje tenho;

Os brinquedos perdi-os, os meus bibes

deixaram de servir-me.

Mas nem tudo se foi:

ficou-me,

dos tempos de menino,

esta alegria ingénua

perante as coisas novas

e esta vontade de brincar.


Vida!

não me venhas roubar o meu tesoiro:

não te importes que eu ria,

que eu salte como dantes.

E se riscar os muros

ou quebrar algum vidro

ralha, ralha comigo, mas de manso…


(Eu tinha um bibe azul…

tinha berlindes,

tinha bolas, cavalos, papagaios…

A minha Mãe ralhava assim como quem beija…

E quantas vezes eu, só p’ra ouvi-la

ralhar, parti os vidros da janela

e desenhei bonecos na parede…)


Vida!, ralha também,

ralha, se eu te fizer maldades, mas de manso,

como se fosse a minha Mãe.


Sebastião da Gama, Itinerário Paralelo (séc. XX).

domingo, 7 de dezembro de 2008

Fácil de Entender_ The Gift

Uma das minhas favoritas...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

O Poeta não morre!

Fernando Pessoa: 13 de Junho de 1888 - 30 de Novembro de 1935