sábado, 29 de novembro de 2008

O amor (é como o mar)


Abri a porta e vi que ninguém está
Só um relógio no seu vagar
Não tem dono, não será capaz
Está condenado a parar
Ao longe um navio
Ancorado no seu porto de abrigo
Nem vento sentiu/ está sozinho/ fez o seu caminho

O amor é como o mar pode ir e voltar
O amor é como o mar, é um jogo de sorte entre o fraco e forte
Pode até matar
O amor é como o mar, vem buscar o que lhe foram roubar

Vou gritar, sentir. escrever, mentir, enganar, libertar
Ver ruir, vou querer saber, vou ouvir dizer que o amor é como o mar.

João Pedro Pais

Por Edgar Félix (11º CT-B)

sábado, 22 de novembro de 2008

Quantos Seremos?


Quantos Seremos?





Não sei quantos seremos, mas que importa?!

Um só que fosse, e já valia a pena.
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!

Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.

E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.

Miguel Torga

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Junto ao mar, com Vieira

Tarde luminosa, quente, acolhedora. Nazaré. 11º CT-B e as palavras de Vieira.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

José Saramago



Poema à boca fechada






Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.


José Saramago (16 de Novembro de 1922, Azinhaga)

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Por uma boa causa!...

Este espaço mudou de nome! Por uma causa justa e digna.
O Páginas de Inês é agora o título do blogue da BE da Escola Sec. D. Inês de Castro, Alcobaça. Por agora, este site fica à deriva com as suas páginas!

domingo, 9 de novembro de 2008

Youtube, Slideshare, Podcast , Flickr ???

Muitas pessoas questionarão as interrogações presentes no título. Quanto a mim, quase tudo é novo, quase tudo é uma aventura nas novas tecnologias, quase tudo é uma descoberta. Talvez fosse melhor dizer tudo, já que, apesar de conhecer o "Youtube", nunca, até agora, experimentara a sua utilização e funcionalidades. É impressionante o mundo novo que se me abre e o gosto com que entro nele e desbravo as vantagens que estas ferramentas podem ter na prática lectiva e na biblioteca escolar. Não tenho dúvidas. É essencial que os blogues/páginas das BEs adiram a estes serviços e, com critério, proporcionem aos utilizadores novas formas, muito mais atractivas, de viver a escola.
Aventurei-me, por agora, no Youtube, no Flickr e no Slideshare (embora não consiga ouvir Camões!!). Hei-de melhorar o grafismo e a técnica...

As Mais Belas Bibliotecas do Mundo

Ouvir Camões

Ouvir Camoes
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Ler devia ser proibido

Alberto Caeiro

Fernando Pessoa, o poeta em Lisboa

O Infante, Fernando Pessoa

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O Prazer de Ler

- Pára de ler, vais estragar os olhos!

- Vai lá para fora brincar, está um dia lindo.

- Apaga a luz! Já é tarde!

Nesse tempo, os dias estavam sempre demasiadamente bonitos para os desperdiçar com leituras, e as noites eram demasiadamente escuras.

Note-se que, quer se lesse quer não se lesse, o verbo já era conjugado no imperativo. Mesmo no passado, já era assim. De certo modo, ler era um acto subversivo. À descoberta do romance acrescia a excitação da desobediência à família. Era um duplo esplendor! Ah, a magnífica recordação de horas de leitura às escondidas, debaixo dos lençóis, à luz da lanterna. Como galopava a Anna Karenina ao encontro do seu Vronski, àquelas horas da noite! Amavam-se um ao outro, o que já era magnífico, mas amavam-se enfrentando a proibição de ler, o que era ainda melhor! Amavam-se contra a vontade do pai e da mãe, contra o trabalho de matemática por acabar, contra a redacção, contra o quarto por arrumar, amavam-se em vez de irem para a mesa, amavam-se antes da sobremesa, preferiam estar um com o outro a irem ao futebol ou a apanharem cogumelos... tinham-se escolhido um ao outro, nada mais queriam do que estar um com o outro... meu Deus, como o amor é belo!

E como se lê o romance num instante!

Daniel Pennac, Como um romance, Ed. Asa