Poema à boca fechada
Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.
Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.
Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.
Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.
Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.
José Saramago (16 de Novembro de 1922, Azinhaga)
1 comentário:
Abri a porta e vi que ninguém está
Só um relógio no seu vagar
Não tem dono, não será capaz
Está condenado a parar
Ao longe um navio
Ancorado no seu porto de abrigo
Nem vento sentiu/ está sozinho/ fez o seu caminho
O amor é como o mar pode ir e voltar
O amor é como o mar, é um jogo de sorte entre o fraco e forte
Pode até matar
O amor é como o mar, vem buscar o que lhe foram roubar
Vou gritar, sentir. escrever, mentir, enganar, libertar
Ver ruir, vou querer saber, vou ouvir dizer que o amor é como o
mar.
se gostar digo-lhe de quem é... =P
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